quarta-feira, 13 de julho de 2011

FONOAUDIÓLOGO INICIA CONSULTA COM PAIS E EDUCADORES

O que um fonoaudiólogo faz na escola?
A Escola é espaço de ensino, aprendizagem, convivência e desenvolvimento. Um espaço de vida diária privilegiado para a promoção de saúde, pois representa um ambiente no qual as pessoas passam parte do tempo de sua vida e onde são formados valores fundamentais.

Considerando a escola como um espaço de relações interpessoais mediadas pela linguagem, e sendo esta uma das especialidades da fonoaudiologia, o fonoaudiólogo escolar passa a ter um papel de extrema relevância nas instituições educacionais, uma vez que tem como proposta favorecer as condições de interlocução comunicativa.
O início da história da fonoaudiologia foi marcado por sérias dificuldades de alfabetização da classe social desfavorecida, tendo surgido as primeiras práticas fonoaudiológicas em Pernambuco a partir dos insucessos na alfabetização, quando a classe médica, juntamente com professores, procurava identificar e sanar os problemas dos alunos da classe pobre, que tinham dificuldades para se alfabetizar.

Os alfabetizadores mais informados recebiam os alunos que não conseguiam se alfabetizar, e estes eram encaminhados para uma reabilitação. Aqueles profissionais foram chamados de reabilitadores/reeducadores, dentre outras denominações, e passaram a ganhar prestígio na escola em que trabalhavam, além de serem convidados a compor equipes técnicas da Secretaria de Educação (Berberian, 1995).

Conforme Didier (2001), foi a partir dos primeiros trabalhos dos reeducadores de linguagem, na tentativa de superação das dificuldades, que surgiram os alicerces para posteriores estudos e práticas específicas que dariam origem a um conhecimento sistematizado e, conseqüentemente, ao trabalho do fonoaudiólogo. O analfabetismo, como processo social, foi o fato central para a compreensão do surgimento da fonoaudiologia em Pernambuco e, portanto, um marco histórico.

Quando a fonoaudiologia surgiu na escola — ela se iniciou com uma nova forma de atendimento a pequenos grupos de crianças dentro das escolas e pré-escolas e foi chamada de Fonoaudiologia Escolar —, o procedimento baseava-se muito nos modelos americanos e não levava em consideração as diferenças da estrutura educacional que regiam aquele e o nosso país. As diferentes atividades que poderiam ser desenvolvidas na escola foram descritas por Taylor (1981, apud Befi, 1997) como a realização de triagem com a finalidade de detectar algum tipo de anormalidade — e, caso isso acontecesse, o fonoaudiólogo tomaria as devidas providências (como realizar exames complementares, orientar os pais e, se necessário, encaminhar para os programas de educação individualizada). Os professores também eram instruídos a perceber alguma alteração de fala e linguagem na criança. 


Dessa maneira, parece que o surgimento da fonoaudiologia — e da própria fonoaudiologia na escola —, por muito tempo, esteve voltado à adoção de procedimentos terapêuticos, de “práticas curativas” e de detectar problemas na escola. 
Ao longo do tempo, muita coisa foi se modificando quanto à proposta de atuação de um fonoaudiólogo na escola. Em nossa realidade atual, a fonoaudiologia escolar está repensando o seu papel e, de forma inovadora, vem desenvolvendo a proposta de promover a saúde fonoaudiológica de toda a comunidade escolar (e isso inclui: alunos, pais, professores, coordenadores, psicólogos), podendo, esse profissional, atuar dentro dessa instituição de diversas formas, tanto nas escolas de ensino regular como nas escolas públicas.


Considerando o que foi dito até o presente momento sobre a origem da fonoaudiologia — e para aqueles que ainda não tiveram a oportunidade de conhecer o trabalho do fonoaudiólogo na escola —, tentarei mostrar um pouco do meu fazer na escola, que envolve cada especialidade da fonoaudiologia (Linguagem, Voz, Motricidade Oral e Audição). É importante ressaltar que minha experiência como fonoaudióloga escolar é em duas instituições de ensino regular.


Na Educação Infantil, no que diz respeito à linguagem, e, mais especificamente, nas séries iniciais, observo a forma como as crianças se utilizam da linguagem para se comunicar com os outros, seja através de gestos, poucas palavras ou trocas na fala, que podem dificultar a inteligibilidade do conteúdo. Conhecedor do desenvolvimento da linguagem da criança, tanto no âmbito da normalidade quanto no da patologia, o fonoaudiólogo é capaz de fornecer ao professorado, com maior segurança, o que é natural ou não para cada faixa etária.

Nas turmas de pré-alfabetização e alfabetização, tenho um tempo de aproximadamente quarenta minutos para entrar em sala e realizar atividades lúdicas com os alunos, sem a intervenção do professor. Essas atividades têm como objetivo enfatizar a importância da linguagem, da audição e da voz. 


Dessa maneira, são criadas e planejadas situações de uso da comunicação que sejam estimuladoras do desenvolvimento da linguagem oral e de seus padrões de pronúncia; promovem-se situações que possam levar a criança a pensar sobre a linguagem que ela usa (desenvolvendo habilidades metalingüísticas); que estimulem também a produção de narrativas, tais como contar e recontar fatos e histórias, além de procurar favorecer a inserção da fala e da escrita nos usos da vida diária, considerando ambas dois modos concomitantes de representar a mesma língua. 


Nas atividades que envolvem o tema Voz, busco sensibilizar tanto os alunos quanto os professores em relação aos hábitos nocivos. As crianças participam de campanhas e jogos, aprendem sobre a função da voz, a anatomofisiologia básica, os problemas vocais e a saúde vocal, ressaltando, sempre, a sua importância para a identidade pessoal do sujeito e a função comunicativa. 


No que se refere aos hábitos alimentares e aos hábitos nocivos (como uso de chupeta, mamadeira, sucção digital, roer unha, sintomas de um respirador bucal), estes são observados em sala de aula, na hora do lanche e também no horário da recreação dos alunos. Os dados obtidos são registrados na ficha de fonoaudiologia da criança, e, caso seja necessário, solicito a presença dos pais para dar algumas orientações e/ou realizar encaminhamentos. Por exemplo, quando percebo que determinada criança está desatenta em sala de aula, que apresenta dificuldade de concentração, respira constantemente pela boca, além de estar sempre gripada na escola, nesses casos, a família é chamada.

No Ensino Fundamental I, o trabalho se expande mais em direção à aquisição e ao desenvolvimento da linguagem escrita e da leitura, acontecendo encontros semanais, em que entro em cada sala de aula para realizar atividades coletivas. Os temas como Voz, Audição e Linguagem são mais aprofundados — uma vez que eles já possuem um conhecimento prévio sobre o assunto; busco, também, dar continuidade à proposta de otimizar o interesse pela leitura e escrita, como função social e de comunicação, favorecendo o crescimento intelectual e o desenvolvimento de seres humanos críticos e construtores. Assim, de maneira criativa e prazerosa, os alunos de 1ª a 4ª séries têm a oportunidade de expressar seus conhecimentos de forma mais espontânea, até porque a finalidade do fonoaudiólogo não seria a de corrigir os erros pedagógicos. 

Um comentário:

  1. Seja muito bem vindo professor para orientar e fazer com que nossas crianças e porque não todos os outros profissionais tbém venham a ter uma ótima dicção e falem com maior clareza e desenvoltura através de sua valiosa orientação profissional. Isto é muito bom mesmo espero que faça um ótimo trabalho com nossa crianças e que tudo saia da maneira que todos tenham planejado. Parabéns a todos.

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