segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Dia da consciencia negra


Você já parou para refletir sobre a contribuição dos povos vindos da África ou de seus descendentes nas áreas social, econômica e política ao longo da história do Brasil? É justamente para isso que foi criado o Dia da Consciência Negra. Sua ideia principal é convidar à reflexão, mas também homenagear e resgatar a memória desses povos na nossa história. 
A data também está relacionada com a luta pela liberdade. Foi em 20 de novembro de 1695 que Zumbi, o líder do Quilombo dos Palmares, foi morto. Vamos conhecer sua história?
Zumbi dos Palmares. Fonte: Enciclopédia Delta
Zumbi dos Palmares. Fonte: Enciclopédia Delta
O Quilombo dos Palmares
Palmares foi o mais importante e, possivelmente, o mais resistente quilombo da história brasileira. Mas você sabe o que é um quilombo? Segundo o Dicionário Aurélio, é um esconderijo, aldeia, cidade ou conjunto de povoações em que se abrigavam escravos fugidos. 
Ele foi formado no início do século XVII por escravizados fugidos das fazendas de açúcar do Nordeste. Localizava-se no sertão de Alagoas, região onde existiam muitas palmeiras, daí seu nome. O quilombo não era pequeno, ocupava uma área extensa e também tinha uma grande população. No seu auge acredita-se que chegou a ter entre 6 e 20 mil habitantes, em sua maioria homens (dados do Dicionário do Brasil Colônia). Lá eles viviam da pesca, da caça e, em alguns momentos, praticaram até mesmo a agricultura, comercializando o excedente produzido em troca de armamentos.
Falando em armas, o quilombo chegou a ser uma verdadeira fortaleza. Desde sua criação já afrontava a ordem estabelecida, pois os senhores de engenho, que dependiam da mão de obra escravizada para a produção do açúcar, não se conformavam em perdê-la para Palmares. Foram esses senhores, e mais tarde o próprio governo, que organizaram expedições para destruí-lo. Elas devem ter se iniciado em 1602.
Durante as invasões holandesas (nas décadas de 1630-50), o poder dos senhores de engenho diminuiu, facilitando a fuga de escravos. O quilombo cresceu em número. O que fazer com Palmares? Uma das ideias foi exposta no Acordo de Recife (1678), que deveria pôr fim aos combates que já duravam mais de 70 anos.
O contrato previa a alforria para os nascidos no quilombo, a concessão de terras no norte de Alagoas e a permissão de comércio fora do quilombo. Até súditos da Coroa portuguesa os palmarinos se tornariam. Ganga Zumba, até então líder de Palmares, o aceitou. Um detalhe: diversos membros de sua família tinham sido capturados em expedições, eram basicamente reféns do governo e estavam sendo utilizados como moeda de troca. Talvez o que Zumba não previsse era que nem todos os palmarinos concordariam com o Acordo. Muitos dos fugitivos que não haviam nascido em Palmares não queriam ser reescravizados… eles encontraram rapidamente um líder, Zumbi.   
Zumbi, comandante guerreiro
Zumbi era quem comandava os combates em Palmares. Já tinha uma forte liderança e planejou assumir o poder no quilombo. Para isso, juntou aliados e conspirou contra Ganga Zumba, envenenando-o. Desde então, assumiu sua liderança.
A região seguiu sofrendo expedições militares contratadas pelos portugueses. Zumbi resistiu por mais de uma década a elas, porém em 1694 sucumbiu à invasão e à perseguição do grupo comandado pelo bandeirante Domingos Jorge Velho. Estes arrasaram o local, primeiro destruindo os mocambos e depois seus habitantes. Alguns se refugiaram nas matas, como Zumbi, porém foram duramente perseguidos.
O bandeirante Domingos Jorge Velho, enquanto estava embrenhado nos sertões, dificilmente se vestiria assim, porém foi com esse traje que o pintor Benedito Calixto o retratou centenas de anos depois do ocorrido, em 1903. CALIXTO, Benedito. Domingos Jorge Velho e o loco-tenente Antônio Fernandes de Abreu, 1903, óleo s/ tela, 140 X 99 cm. Acervo do Museu Paulista da USP, São Paulo.
O bandeirante Domingos Jorge Velho, enquanto estava embrenhado nos sertões, dificilmente se vestiria assim, porém foi com esse traje que o pintor Benedito Calixto o retratou centenas de anos depois do ocorrido, em 1903. CALIXTO, Benedito. Domingos Jorge Velho e o loco-tenente Antônio Fernandes de Abreu, 1903, óleo s/ tela, 140 X 99 cm. Acervo do Museu Paulista da USP, São Paulo.
Zumbi foi capturado e degolado. Sua cabeça foi enviada para Recife, como um troféu. O vilão para os portugueses e senhores de engenho se tornou herói durante o movimento abolicionista. Sua história passou, assim, a simbolizar a luta pela liberdade.
Hoje, a data que comemora Zumbi é o Dia da Consciência Negra. Esse evento nos lembra do compromisso que devemos ter em construir uma sociedade justa, onde todos tenham direitos e oportunidades iguais, não somente no papel, mas no dia a dia.
Por Priscila Pugsley Grahl

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