sábado, 4 de junho de 2011

A PALMADA EDUCA?


A violência contra a criança tem sido um assunto muito discutido na atualidade devido ao reconhecimento, relativamente recente, de que os pais não são os “donos” das crianças e dos efeitos deletérios da violência infantil sobre a vida adulta.
Estudos americanos mostram que o comportamento violento na idade adulta tem como principal determinante a exposição, durante a infância, à modelos de violência doméstica. Significa que os adultos considerados anti-sociais (pessoas com graves problemas de convivência social, muito violentas e freqüentemente com história de criminalidade), em geral presenciaram ou sofreram, quando crianças, espancamentos, humilhações intensas e interações sociais de natureza violenta.
Histórias de crueldade contra crianças e adolescentes são agora mais visíveis, principalmente graças à imprensa, e uma ampla campanha contra a violência infantil tem sido promovida por várias entidades (veja a reportagem Basta! sobre a violência contra crianças e adolescentes).
Tais campanhas e histórias, no entanto, dão a impressão de que a violência contra a criança é algo distante, típico de famílias desestruturadas e cheias de problemas. Ainda persiste a idéia, em muitos meios, de que se deve considerar violência o espancamento, o abuso sexual, mas que “uns bons tapas de vez em quando só fazem bem”. Alguns até denominam essa forma de dar limites para a criança de “psicotapa”. Mas será que a chamada palmada educativa realmente educa ou é apenas uma face mais branda da violência?
O PAPEL DA FAMÍLIA E DA ESCOLA NA AGRESSIVIDADE INFANTIL
A agressividade das crianças e dos adolescentes é um tema que preocupa pais, educadores e a sociedade em geral. Casos como o ocorrido anos atrás em Brasília, em que um grupo de adolescentes colocou fogo em um índio que estava dormindo em um ponto de ônibus, chocam as pessoas e suscitam perguntas sobre por que isso ocorre.
Para entender a agressividade, é necessário olhar um pouco para o desenvolvimento da criança e como ela aprende a se comportar agressivamente. Por volta dos três ou quatro anos, é bastante comum as crianças apresentarem condutas agressivas em relação aos adultos e às outras crianças, como morder, bater, dar chutes, etc. Qualquer mãe ou professora de crianças dessa faixa etária sabe muito bem disso. Nessa fase, diz-se que a agressividade é essencialmente manipulativa, isto é, a criança agride os outros para alcançar determinados fins, como, por exemplo, ganhar um brinquedo ou defender-se (é comum a criança dar tapas nos pais quando eles lhe chamam a atenção). Essa conduta é a forma que a criança encontra de controlar o ambiente, ou seja, é a forma mais eficaz de satisfazer suas necessidades.

Evidentemente, a agressividade não desaparece por completo com o passar do tempo. O que ocorre é que a criança aprende com os adultos que há outras formas de se defender e obter aquilo que deseja. Quando os pais ou professores ensinam que não é necessário tirar dos colegas os brinquedos, mas que é possível pedir para brincar com eles ou chegar a um acordo sobre como dividi-los, eles estão ensinando à criança estratégias sociais que podem substituir condutas agressivas. Se esse tipo de estratégia se mostrar eficaz, gradualmente a criança aprende a negociar e, se o ambiente dela (escola, família, grupo social) valorizar essa atitude, aos poucos, a conduta agressiva passa a ser menos freqüente que outras formas de controlar o ambiente. É por isso que as brigas e as disputas violentas são menos freqüentes com o passar do tempo e só acontecem em situações extremas, como, por exemplo, em caso de ofensas muito graves.
Isso nos mostra que a agressividade não é algo próprio da “natureza” das crianças. É um tipo de comportamento que tem uma função no desenvolvimento delas e, assim como é aprendido (se a criança bate no colega é porque teve oportunidade de observar esse comportamento em outras pessoas), também pode ser substituído por outras condutas.
Às vezes, porém, as condutas agressivas tornam-se um padrão freqüente de comportamento e persistem com o tempo, podendo se transformar em um problema mais sério na adolescência e na vida adulta. A agressividade torna-se a forma preferencial da criança ou do adolescente para resolver qualquer dificuldade. Várias pesquisas mostram que o desenvolvimento desse padrão de comportamento começa na infância e tem relação, principalmente, com as interações familiares e com o ambiente social.




FONTE:http://blog.educacional.com.br/blogdepsicologia/p73706/

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